A filosofia do belo
Tati&Arte&Manha
As teorias da arte têm por objetivo explicar a natureza da obra - objetos estéticos - de arte em geral.
Existem objeções à essa possibilidade que argumentam que a arte é um fenômeno demasiado diversificado para que possa ser encontrada uma essência comum todas as suas manifestações, dentre as quais está a de Morris Weitz. Por outro lado, é necessário um critério limitador para que a semelhança não perca sua função classificatória. Esse critério é dado pelo paradigma: uma série de propriedades para a aplicação do conceito, e uma regra criterial - exigência de um compartilhamento mínimo entre as propriedades de um objeto e as descritas no paradigma, além das relações sistemáticas eventualmente existentes entre elas, resultando na análise de sub-conceitos, validamente assemelhados entre si, para permitir um conceito com aplicações muito diversificadas, buscadas nas essências comuns consideradas individualmente.
As teorias mais influentes acerca da natureza da arte são:
Representacionismo:
A função da arte é representar alguma coisa. Arte é imitação (mimese).
Platão considerava a poesia e a pintura artes da imitação e como tais sombras e reflexos que afastavam da verdade em vez de aproximarem.
Aristóteles pensava-as também como imitação da realidade, mas considerava que aprendemos com isto e que este ato nos dá prazer, influenciando a Renascença e o Esclarecimento.
Entretanto, nenhum dos dois as concebiam como arte, porque os gregos da antiguidade não tinham a concepção do estético.
As artes da pintura e da escultura eram gêneros da technê ou ofício. Arte é derivada da latinização da technê: "corpo de conhecimentos e aptidões organizados para a produção de mudanças de um tipo específico em matéria de um tipo específico" como as artes do sapateiro e do couro.
Em 1746, o abade Batteux fez a primeira tentativa de sistematizar as belas artes, agrupando a poesia, a pintura, a escultura, a dança e a música como imitação da natureza bela. Juntar numa categoria estes ofícios sugeria que todos os praticantes das belas artes forneciam representações do mundo que eram fontes potenciais de conhecimento.
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"Sagrada família" de Rembrandt, Museu Hermitage, São Petersburgo, Rússia. |
Essa ideia fazia sentido a época em que Fídias e Praxíteles faziam esculturas realistas e também na Alta Renascença quando Rafael e Da Vinci imitavam as formas humanas.
As duas sínteses do século XIX são as belas artes como imitação e a nova, preocupação empirista com o juízo estético, o juízo da beleza.
Somaram-se a arquitetura, a dança e a música satisfazendo a exigência formal da "unidade na diversidade" e o conflito entre o conceber as artes como algo que aspira à forma bela ou como algo que nos mostra como as coisas são no mundo.
Há uma divisão entre as artes "acerca" do mundo e os defensores da "música absoluta" que a vêm como um meio de fugir do mundo.
Convenção e estilo têm papel muito importante para que sejam considerados imitação em inúmeras categorias de arte.
Representação naturalista da realidade, onde a pintura imita a natureza; o drama imita a ação humana.
As duas sínteses do século XIX são as belas artes como imitação e a nova, preocupação empirista com o juízo estético, o juízo da beleza.
Somaram-se a arquitetura, a dança e a música satisfazendo a exigência formal da "unidade na diversidade" e o conflito entre o conceber as artes como algo que aspira à forma bela ou como algo que nos mostra como as coisas são no mundo.
Há uma divisão entre as artes "acerca" do mundo e os defensores da "música absoluta" que a vêm como um meio de fugir do mundo.
Convenção e estilo têm papel muito importante para que sejam considerados imitação em inúmeras categorias de arte.
Representação naturalista da realidade, onde a pintura imita a natureza; o drama imita a ação humana.
Na teoria representacional propriamente dita, a obra de arte não precisa ser uma representação naturalista; ela pode ser uma representação puramente convencional ou simbólica, como no caso de um quadro cubista.
O neo-representacionismo, como movimento posterior, exige, tecnicamente, que uma obra de arte tenha apenas conteúdo semântico - ser sobre algo, possuir um tema, um assunto, um significado, dizer algo de alguma coisa, mesmo que isso signifique a ausência de significado.
Quanto a este último aspecto, existem objeções que argumentam que, mesmo que seja amplamente aplicável à manifestação artística a teoria neo-representacional oferece apenas uma condição necessária, mas não uma condição suficiente para a identificação da obra de arte, posto que muita coisa que possui conteúdo semântico não é arte.
Formalismo:
É o novo; a singularidade de forma em si mesmo.
A obra de arte é caracterizada por sua forma e não seu caráter representativo. Segundo Clive Bell, em defesa do neo-impressionismo, o que caracteriza as artes plásticas é a representação da forma significante cuja característica é produzir uma emoção estética em pessoas com sensibilidade para a arte, sendo a representação e o contexto irrelevantes.
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"Natureza-morta com maçãs e laranjas" de Paúl Cézanne, Musée dÓrsay, Paris, França. |
A teoria da forma significante foi útil como defesa da pintura abstrata ou semi-abstrata do final do século XIX.
Objeção a ela foi de que seria teoria sem conteúdo, beirando a vacuidade e a circularidade.
Teoria Institucional:
Foi sustentada por George Dickie, em favor da comunidade de conhecedores.
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Obra do marinheiro inglês e artista, Alfred Wallis (1855-1942) cujo acervo está fortemente presente na Tate Britain. |
Dikie define a obra de arte como um artefato que possui um conjunto de aspectos que lhe conferem o status de candidato á apreciação das pessoas da instituição do mundo da arte.
Objeções: (1) os entendidos em arte decidem o que deve ser considerado uma obra de arte com base em razões e estas razões constituem uma teoria da arte que não é a teoria institucional, ou o fazem arbitrariamente, quando não fica claro porque devemos dar qualquer importância à arte. (2) é uma teoria viciosamente circular, na qual obras de arte são definidas como objetos que são aceitos com tais pelas pessoas que entendem de arte, as quais são definidas como as que aceitam certos objetos como sendo obras de arte.
Teoria de arte como expressão:
A arte como expressão de emoções. É uma proposta dos filósofos e artistas românticos do século XIX.
Aristóteles já descrevia a função catártica da obra de arte como purgação das emoções.
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"Guernica" (1937) de Pablo Picasso, no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madrid, Espanha. |
Para os expressivistas, há dicotomia entre ciência e arte. A arte está para o mundo interior das emoções humanas que ela exprime, enquanto a ciência é para o mundo exterior e tem como objeto eventos físicos.
Na sua versão ingênua, a teoria expressivista está descrita por Leon Tolstoy como onde o artista tem um sentimento, através do qual produz uma obra de arte destinada a expressá-lo. essa obra evoca os mesmos sentimentos que o artista teve e a transmite ao público.
Há versões mais sofisticadas do expressivismo em Benedetto Croce e Susanne K. Langer. Ela conclui que a função essencialmente pedagógica da arte é a de educação do sentimento, constituindo-se este o próprio cerne da educação pessoal.
O filósofo inglês, R.G. Collingwood estabeleceu distinções entre a arte própria (art proper) e a arte "assim chamada" (so called), que se divide entre a arte como mágica, com função utilitária e a arte como entretenimento com função hedonista (vulgar). Segundo ele, o que a art proper faz é que o artista, possuindo uma "excitação emocional", indefinida e incompreensível, usa de imaginação e planejamento para produzir a obra, onde haja reconhecimento das próprias emoções que se relacionam às emoções com o objeto e conduzem ao reconhecimento destas emoções reconhecidas pela audiência capaz de apreciar a obra de arte. Além da expressão das emoções, o filósofo dá importância à imaginação do artista e articula os sentimentos com os do auditório que interpreta e compreende os sentimentos expressos na obra de arte e ao pensamento que amplia e regenera seu (dos próprios sentimentos) autoconhecimento e consciência, ações nas quais ele vê a função da arte verdadeira que promove uma compreensão mais autêntica (isenta da corrupção de consciência) de nossa vida emocional. É a visão do artista como profeta dos segredos dos corações da comunidade. A emoção individuada, esclarecida e refinada que a obra de arte evoca como emoção propriamente estética. A emoção estética está indissoluvelmente ligada à amplitude (universalidade) das representações simbólicas e pelo deslocamento e condensação das cargas afetivas (Freud), levadas à realização sensível da arte (Hegel). Para Collingwood, o fenômeno estético estaria suficientemente explicado quando do estabelecimento da relação dos sentimentos com a verdade pela sua aproximação com a universalidade sensivelmente expressa.
A teoria da recepção alemã considera as respostas dos leitores antes das intenções dos artistas.
Os estruturalistas e pós-estruturalistas importam-se como os leitores ou espectadores decifram ou desconstroem as obras de arte.
Marxistas, freudianos e feministas reinterpretaram obras do passado partindo da perspectiva dos pressupostos do leitor contemporâneo.
Tanto as tradições analíticas como as continentais importam-se com o contexto cultural do artista e do leitor.
Na interpretação da natureza existem argumentos de que a base da apreciação do que vemos seja o conhecimento científico, abrindo espaço para a ontologia:
O ethos do modernismo é adequado à ideia de que as obras exigem interpretação.
A teoria da recepção alemã considera as respostas dos leitores antes das intenções dos artistas.
Os estruturalistas e pós-estruturalistas importam-se como os leitores ou espectadores decifram ou desconstroem as obras de arte.
Marxistas, freudianos e feministas reinterpretaram obras do passado partindo da perspectiva dos pressupostos do leitor contemporâneo.
Tanto as tradições analíticas como as continentais importam-se com o contexto cultural do artista e do leitor.
Na interpretação da natureza existem argumentos de que a base da apreciação do que vemos seja o conhecimento científico, abrindo espaço para a ontologia:
o que estamos interpretando?
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