O que é curadoria de arte?

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A primeira exposição de arte significante, ocorreu em 1851, no Palácio de Cristal, em Londres. A segunda em Paris, em 1855, contemplando às Belas Artes, sendo que esta exposição introduziu o consumo "simbólico" da arte, restrito ao olhar e à assimilação cultural, de forma pedagógica e didática, a partir de critérios científicos, abstraindo a troca financeira. A partir dela, outras exposições seguiram esse modelo em outras cidades europeias.

Em palavras de Krzysztof Kieslowski, "Trata-se de uma convicção profundamente enraizada de que se há algo que vale a pena fazer pelo bem da cultura, é tocar em assuntos e situações que unam as pessoas, e não naqueles que as dividem".

Na segunda metade do século XX, a curadoria que estava voltada às atividades de conservação, organização, pesquisa e exposição de obras de arte, foi substituída pela organização da exposição através da elaboração de conceitos críticos formulados pelo curador, que desenvolve de forma autoral o tema da exposição.

Que o ato criativo não é realização exclusiva do artista, já foi comentário de Marcel Duchamp. Quem promoverá o valor da obra de arte através da produção da crença da sua existência (do valor) será o campo artístico, que não é definido pelo artista e sim formado por um conjunto de agentes e instituições, na definição de Pierre Bourdieu. A aceitação desses pressupostos, a partir de 1970s, começou a dar destaque ao curador de exposições, que chega aos nossos dias com a atividade de, sob projeto expositivo, conceber a exposição de artistas, individualmente ou em grupo.  

A globalização cultural pode ser entendida como parte da crise do papel regulador do Estado-Nação, induzindo mudanças nos modos de inserção da arte nesses contextos. A partir dos 1990s, também, dada a crise da esfera pública burguesa, dos aparelhos culturais contrabalançada pelo surgimento da indústria da cultura e seu mercado simbólico de bens de forma autônoma, nas sociedades modernas.

Cabe considerar a obra de arte, portanto, como manifestação de disputas entre redes de processos intersubjetivos - mais do que um gesto autônomo ou processo singular - induzindo às transformações nas práticas curatoriais em relação ao fazer artístico, na medida em que os processos de criação se deixam contaminar pelos sistemas mediáticos. O arranjo expositivo - intersecção entre comunicação, arte e design - é uma forma de entender a exposição e negociação dos campos possíveis de interação, alcançando, inclusive o desempenho das redes de criação.

Em 1980, Arthur Danto, entre outros, num período histórico de debates filosóficos e culturais pós-modernos, proclamou o fim da arte: um fechamento histórico, a partir dos 1960s, encerrando uma era de seis séculos no Ocidente. A partir dela, tudo seria pós-histórico. Era o fim das utopias, que haviam caído em descrença, crepusculares, subterrâneas e vanguardistas, enquanto movimentos, gerando uma avalanche pluralista e radicalmente diversificada de tendências estéticas que movimentam três posturas: o papel do curador, a natureza dos museus e espaços de exposição artística (diríamos atualmente) e a posição da crítica.









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