Para que mediação de artes visuais?

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De meados de abril até o final de maio de 2011, esteve no M.A.R.G.S., a exposição "Do atelier ao cubo branco", com curadoria de José Francisco Alves, dando início a uma nova política cultural (gestão) na instituição, que privilegiava a abordagem curatorial. Nas palavras do próprio Zé Chico Alves, "em que a reflexão e a produção do conhecimento terão sempre papel significativo." (2012, "Do atelier ao cubo branco", M.A.R.G.S., pp. 14-17). 

Poucos anos antes, em maio de 2008, a cidade de Porto Alegre recebia um novo espaço expositivo do arquiteto Álvaro Siza Vieira, com 9.363,55 m2 de área construída, às margens do rio Guaíba, quase no centro da capital, com paisagismo da Fundação Gaia.

A arte de exposição é um produto social, 

o que, segundo Janet Wolff (1981, "The Social Production")  permite a explicação e compreensão da arte dentro de uma perspectiva sociológica, sejam as artes do espetáculo ou não.

Esse tipo de apreciação coloca a questão do valor estético pela exposição de muitos dos elementos extra-estéticos (que não são neutros) envolvidos no julgamento estético. A compreensão de que a arte é produzida socialmente implica em esclarecimentos de valor, o que lhe é atribuído por certos grupos e contextos. As obras de Lukács e Goldmann, entre outros sociólogos, preocupam-se com a relação entre as artes e a sociedade - a mediação estética - mesmo não permitindo a possibilidade de que a cultura possa determinar o desenvolvimento histórico, ocupa-se da questão da especificidade do nível estético, do que se ocuparam com relevo, no século passado (1915-29), os formalistas russos, dentre os quais Raymond Williams (1971), Julia Kristeva (1972), Stephen Bann e John E. Bowlt (1973), Stanley Mitchell (1974) e Tony Bennett (1979).

Mediação, assim, é uma forma de afetação sobre as condições em nível estético, resultante de ideologia de classe ou outro grupo, quanto às condições de produção das obras de arte e às convenções estéticas existentes, posto que tornaram possível a construção de uma determinada obra, fixando-lhes os limites para a construção dela como tal. 

Tudo isto nas especificidades das condições que envolvem a produção cultural.

Recorrendo a Brecht e a Benjamin, é o que chamamos a "produção estética" com ênfase no autor como produtor, sem ignorar o "site especific" do autor/artista da abordagem de produção de cultura do tipo "ação coletiva" estado-unidense descrita por Becker.

Técnicas e instituições também formam as condições da produção artística.

O nível estético impõe suas próprias mediações, e determinam sua forma específica no produto cultural. trata-se de um uso muito especializado da materialidade, pois a estética não é simples; ela é, no mínimo, composta, como já demonstraram alguns teóricos da arte como ideologia (Macherey - 1978 - sobre Lênin e Tolstoi, por exemplo) em sua interpretação ingênua dos sistemas significantes estéticos e seu modo de operação.

Tudo isso, sem admitir o eclipsamento do artista.

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