espaço do artista 3 - Ilustração
o século XX a ilustração retomou seu lugar na produção literária, mas agora no Ocidente, trazendo-nos o impasse entre ilustração e palavra escrita.
A imagem visual seria um auxílio para a palavra escrita, necessitando do texto para se fazer entendida, ou então, atingiria seu objetivo por seus próprios recursos, com seus próprios meios. Para isto criaram-se estilos.
A ilustração interna, com impacto visual próprio, foi característica do modernismo. As brochuras trouxeram o desenho sem vínculo, com ilustrações isoladas, separando páginas ou anunciando capítulos, aprimorando o interior das edições, visualmente, favorecendo principalmente a poesia. Foi euforia nacionalista, inspiração em motivos da natureza brasileira, como no caso de Di Cavalcante, Theodoro Braga e Emiliano A.C. de Albuquerque Melo, este último pintor, desenhista, caricaturista, escritor e jornalista, ambos com a arte voltada ao desenho, tendo como temática preferida a figura humana, que passou da sátira ao dramático e cru da realidade social. Para esses acréscimos gráficos muito se prestou o motivo marajoara, presente nas ilustrações de Paim, Correia Dias e Fernando de Araújo - pintor e desenhista português (Pantoja) - que fazia caricaturas desenhadas e pintadas em montagem plana de madeira e papelão, além de pequenas esculturas de cerâmica. Depois de radicar-se no Brasil, dedicou-se ao desenho e à ilustração com estilo próprio decorativista "art nouveau"; divulgou o gosto e o hábito do ex-libris, produzindo símbolos para escritores e poetas, dentre os quais Cecília Meireles. Essa matéria visual interior era impressa através de clichês feitos a partir dos desenhos a nanquim, executados a bico de pena. A cor aparecia como um só matiz e preto. Paim era hegemônico na xilogravura, alternando a técnica com linóleo em vinhetas, cabeções e capitulares, para melhor efeito de contraste. Utilizou também pigmento prateado em algumas capas, o que já era comum nas artes gráficas com uso de tons dourados e bronzeados. Os tons metálicos, nas artes decorativas, anunciavam o "art deco".
Detalhes decorativos para enriquecer as artes gráficas da época eram vinhetas, cabeções, festões, pingentes, molduras, florões, vinheta de arremate ou "fundo de lâmpada" (forma de triângulo com vértice voltado para baixo) frequente no final de poesia e texto (uncial ou capital), geralmente harmonizadas com os demais ornatos da página (em edições de luxo, também com a capa), substituíam a ilustração de texto. J.Wasth Rodriges, pintor e desenhista paulista, amigo de Modigliani, dedicava-se ao nanquim e à aquarela. Exaltador do nacionalismo encontrou apoio em Monteiro Lobato, caracterizando-se como documentarista brasileiro de aspectos históricos. Ilustrador de livros, usava o "grisalho", que eram hachuras, herança da arte gráfica veneziana do século XVI, quando era utilizada para efeitos plásticos de modelado ou diferenciação de planos.
capa e suas funções geraram polêmica sobre sua função principal. parte da história do livro moderno, preso ao advento da tipografia, abriga um conjunto de folhas ou anuncia um contexto. Sua função de preservar o miolo remonta os tempos do papiro e do pergaminho. Hoje essa finalidade opõe elemento que identifica seu conteúdo conforme evolução técnica e cultural do livro. Tem função dialética própria de identificar, promover ou embelezar o produto editorial. A encadernação editorial é de acabamento aprimorado. No Brasil, Paim realizou várias peças do gênero inspiradas na contribuição artística de Pierre Legrain (França 1889-1929) famoso por suas decorações em couro. Muito influentes foram os mestres da "arte nova" "fin de siècle": W. Morris, Beardsley e Mucha, sobre nossos modernistas da década de 1920. Ver:
Anita Malfatti ("Voce", "O homem e a morte" e "Os condenados")
Cícero Días ("Macunaíma")
Di Cavalcanti ("Martim Carerê")
Ferrignac ("Livro para Isa")
Guilherme de Almeida ("Arlequim e Modernidade")
John Graz ("Era uma vez...")
Menotti Del Picchia
Oswald de Andrade
Tarsila do Amaral ("Memórias sentimentais de João Miramar")
Victor Brecheret ("A estrela de absyntho")
Outra etapa é a da ilustração e os símbolos, como imagens estereotipadas do sentimento humano, caracterização da iconografia. Desta fase, fizeram parte já:
Afonso Lanza
Alfredo Norfini
Arnaldo Barbosa
Bernardino de Souza Pereira
Enrico Vio
Fabian de la Rosa
Fonck
Franz Richter
Jean Gabriel Villin
José Guido Rosasco
Juvenal Prado
Lemmo Lemmi Voltolino
Renato Cataldi
Ruy Martins Ferreira
Sebastião de Camargo Borges Nino
Leia mais em:
LIMA, Yone Soares de (1985), "A ilustração na produção literária - SP - década 1920", IEB/USP n. 33, sob orientação da profa. Dra. Aracy A. Amaral.
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