"Bela Vista", uma curadoria
"Bela Vista" é uma exposição fotográfica inspirada na abordagem relacional analógica, explorada pelo artista norte-americano Bill Seaman, em seu diálogo com o físico alemão Otto Rössler.
Conforme as pesquisas de Rössler, o pensamento análogo seria articulado, primeiro, pela ponderação de parâmetros de modo que, uma representação estática do ambiente circundante gera-se em simultâneo à representação da posição atual de movimento dentro dessa paisagem; segundo, as forças virtuais que aparecem por um curto momento (como ilusões) determinam a busca de pequenos trechos da paisagem, e isto ocorre com uma perspectiva de maior duração. A interação convergente automática destes processos só é interrompida por uma direção relativamente mais favorável - ponderação de valores positivos alimentando o sistema motivacional. O sistema de simulação é estabelecido de forma panorâmica, expandida para os sentidos - funcionalidade do olho articulado com a mente por meio de simulações, porque as informações são tratadas nas mesmas condições que a informação ambiental verdadeira, mesmo que a reconstrução da paisagem seja controlada. Como memórias de ações passadas, imitando a funcionalidade humana, possibilitam o aparecimento de uma neo-sensibilidade, comunicada à distância, por imagem, construindo um sistema de emulação neural inspirado biologicamente, funcionando em relação a um corpo sensível situado no ambiente, abordado fenomenologicamente. Estas são as mudanças trazidas pela pesquisa nano tecnológica articulando o campo da computação fotoquímica relacionada ao DNA, apropriadas pelo conceito da intencionalidade na produção de memórias positivas sobrepostas, para esta exposição.
Bill Seaman, explora, como seu trabalho artístico o faz habitualmente, as potencialidades de meios que utilizam o computador como base, numa abordagem relacional analógica. A "Bela Vista" faz uso do suporte cibernético para a exposição de suas obras. Compõem-se de doze paisagens tomadas por seis fotógrafos, fazendo uso de câmera ou mobgrafia como técnica, fotografando Porto Alegre, Veneza, Washington e Escópia.
A identidade visual proposta para a exposição é a visão através da janela; a funcionalidade olho/mente articulada por simulações alimentadoras do sistema motivacional positivo. "Vista da janela em La Gras" (1826-27), do inventor francês Joseph Nicéphore Niépce, é a foto mais antiga preservada até hoje. É uma imagem dos telhados de Saint-Loup-de-Verennes. Nas palavras de Richard Salkeld, "qualquer fotografia, não manipulada, é uma forma de ready-made". "Tomada" do mundo que nos rodeia, provoca novo pensamento, nova forma de ver.
Para Michel Foucault, o princípio-chave é internalizar o mecanismo da observação. Esta, justamente, é a base da argumentação entre Seaman e Rössler: a construção da linguagem do observador (Seaman) e a impossibilidade da observação transcendental (Rössler). Essa discussão, acrescida da questão da rede de analogias vivas para a sensibilidade está no escopo teórico da exposição: observar a paisagem e apreender o tempo; registro do pensamento humano (paisagem urbana) e adesão ao ambiente, á sensibilidade das civilizações, evidenciando como a cultura se relaciona esteticamente com o meio. A paisagem fazendo mediação entre o homem e o mundo em que vive, num ato de contemplação de suas ações, atribuindo sentido aos lugares. Se consideramos que a paisagem surgiu da arte, o olhar distanciado ajuda a criar o espaço necessário para ver melhor o que está próximo, convertido em paisagem - um recorte.
A busca inicial por este espaço institucional de cultura e educação, procura dar eco aos ensinamentos da Escola Experimental de Curadoria da Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul, que estimula a ampliação do conhecimento e a experiência criativa, inclusive, através da seleção de locais, na perspectiva da ampliação e diversidade de usos.
Esta exposição disponibiliza o catálogo on-line, gratuito. Enviar pedidos a gatobrancochines@gmail.com.
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